sábado, 18 de agosto de 2012

Por uma nova terra, por um povo que esta por vir

Acontece na cidade de Uberaba - MG, entre os dias 18, 19, 20 e 21 de abril de 2013, o IV Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama, nesta edição com o tema fundante: "A Crise do Capitalismo Planetário". Trazendo lemas de luta e resistência como "Por uma nova terra, por um povo que está por vir", e "Direitos mais que Humanos". 
Tema e lemas que embasam a divisão dos eixos temáticos a serem trabalhados pelos palestrantes, intervenções esquizodramáticas e artísticas e movimentos sociais convidados, a saber, os eixos "Império" e "Multidão", cada qual com intuito de trabalhar conceitos teóricos, pragmáticas dos trabalhos cotidianos e os cenários globais e micro-regionais onde se desenrolam os eixos contemplados.
A arte do IV Congresso, traz em destaque, imagens dos teóricos que balizarão as discussões, como Gilles Deleuze e Félix Guattari, filósofo e militante, inventores do "saber-fazer" Esquizoanálise; Michel Foucault, filósofo que disseca as relações de poder a partir das arqueologias do saber; e Antonin Artaud, poeta, escritor, ator, roteirista e diretor de teatro que influenciou a invenção do Esquizodrama.

A abertura do Congresso se dará no Cine Teatro Vera Cruz, situado na rua São Benedito, nº 290, bairro São Benedito, e as demais atividades ocorrerão na Faculdade de Talentos Humanos (FACTHUS), localizada na rua Manoel Gonçalves de Rezende, nº 230, bairro Vila São Cristóvão.

INSCRIÇÕES: http://www.fgbbh.org.br/

OBS: A programação completa com horários e salas serão divulgados em breve.

Para maiores informações: Organizadores do Congresso:

·         Fundação Gregorio Baremblitt de Minas Gerais
Endereço: Rua Herval, 267 – Serra – Belo Horizonte/MG
Cep: 30240-010
Telefone: (31) 3284-1083
Fax: (31) 3221-7352
e-mail: atendimento@fgbbh.org.br
site: www.fgbbh.org.br

·         Instituto Felix Guattari
Endereço: Rua Herval, 267- Serra – Belo Horizonte/MG
Cep: 30240-010
Telefone: (31) 3284-1083
Fax: (31) 3221-7352
e-mail: atendimento@fgbbh.org.br
site: www.fgbbh.org.br

·         Fundação Gregorio F. Baremblitt
Endereço: Rua Capitão Domingos, 418 – Abadia – Uberaba/MG
CEP: 38025-010
Telefone: (34) 3333-0906
e-mail: fundbaremblitt@netsite.com.br  




III Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama




O III Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama aconteceu na cidade de Belo Horizonte (BH), no Instituto de Educação de Minas Gerais, entre os dias 23, 24 e 25 de setembro de 2011. Foram três dias de intenso trabalho e de potentes encontros entre companheiros, amigos, saberes, práticas, invenções e sonhos.
A frase que inquietou e movimentou as atividades do III Congresso foi: "Klínica Universal - Por uma nova terra, por um povo que está por vir."
Klínica com "K" é um esquizoema inventado por Gregório Baremblitt para diferenciar da clínica com "C", que remete à passividade por parte dos pacientes, pois a etimologia do termo "clinos" sugere uma posição deitada. Já a Klínica com "K", por derivar do termo grego "clinamen" que sugere invenção, remete à uma klínica do nosso trabalho cotidiano que se estende por muitos e distintos saberes e práticas, em que as equipes enquanto coletivos insurgentes se relacionam com a demanda do trabalho, ou seja, com os usuários desse trabalho, de forma ativa, inventiva, potente e inovadora.
Neste sentido e neste congresso, a Klínica Universal se posicionou enquanto uma Utopia Ativa, um sonho possível e que caminha permeio a necessária e urgente discussão, análise e invenção dos saberes e práticas a partir dos temas que foram tecidos no congresso.
Cabe ressaltar ainda, que o Congresso recebeu participantes e palestrantes de várias partes do Brasil, e especialmente de países como Argentina, Uruguai, Portugal, Canadá, México e França. O que denota a grande importância deste evento em nosso país e principalmente para os estudantes, profissionais, militantes, artistas e comunidade em geral, pois todos os temas trabalhados e suas rizomáticas, incute a reflexão das práticas profissionais e também pessoais que vem sendo desenvolvidas por nós e pelo mundo em contínua e intensa conexão e transformação.

Veja algumas fotos!




















II Congresso de Esquizonálise e Esquizodrama

O II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama aconteceu na cidade de Uberaba - MG, na Casa do Folclore, nos dias 10,11 e 12 de setembro de 2010. Este congresso contemplou também a realização do Pré-Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos da Associação das Madres da Plaza de Mayo de Buenos Aires - Argentina.



Veja algumas fotos deste congresso:




Avaliações sobre o II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama

Por Jorge A. Bichuetti*

O II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama, para mim, foi um explêndido acontecimento.
Debates ricos e densos, conversas singelas e fecundantes, esquizodramas intensos e alegres: um congresso que não consigo definir se foi um invasão de homens-passarinhos que ocuparam o Olimpo ou se o que aconteceu foi que os deuses andaram sapateando no chão da vida.

Totalizaram quase quinhentos participantes...

Portugal, Espanha, Argentina, Uruguay e gente de todas as regiões do Brasil...

O clima seco e árdo desta época do ano, se viu subvertido por um calor humano refrescante e vitalizante.

Quanto aprendemos!...

O novo e a realteridade não se dá na relação eu-outro, se realiza quando este espaço se alisa num nós comprometido e cúmplice.E é um nós que carrega uma multidão...

A falta não gera nem vida,nem cura: estas se processam por afirmação, divergência e criatividade.
O cuidado permeia a vida, numa normótica que esquateja o existir, urge , então, inventar um cuidado de encontro, vínculo e de alegria.
A arte... A performace... As lutas dos que buscam autonomia e dignidade...
Quanta gente boa!
Nomeá-las seria impossível.
A fogueira bailou, as sereias mergulharam num mar azul de paz e serenidade, a juventude, querubins turbinados de vida e liberdade...
Diante de tanto prazer, num mundo cinzento, apresento uma reivindicação: que o Professor Gregorio Baremblitt, que a Dra Margarete Amorin e a Dra Maria de Fátima Oliveira, principais articulistas deste encontro mágico e poético, de sabedoria e experimentações possam se reunir e marcar o próximo encontro, na certeza de que a vida não sobrevive sem espaços de vida e que os sonhos não se consolidam sem os espaços de partilha, que na ternura dos bons encontros os transformam em realidade.

*Jorge Bichuetti. Médico, Psicoterapeuta. Analista Institucional e esquizoanalista. Diretor Clínico da Fundação Gregorio F. Baremblitti/ Uberaba. Professor do Instituto Felix Guatarri/ BH. Autor de Lembranças da Loucura, Crisevida e Estrelas Cadentes. Poeta, militante, sonhador... ... Entre amigos, madrigais e a Lua é um nômade caçando o seu devir passarinho.


Por Fernando H. Yonezawa*

Se posso definir a multiplicidade que senti em Uberaba... só somos livres se estivermos fortes e juntos!

"Vivir combatiendo!" (Madres de la Plaza de Mayo) É isso que senti ficar mais claro e forte em mim, porque lá encontrei parceiros para isso. 

Lá posso dizer que o afecto de guerrilha se fortaleceu ainda mais, porque lá fomos alegres. E só podemos ser alegres se somos fortes e só somos fortes estando juntos, compartilhando afectos, nos acompanhando. 

Eu disse na assembléia "Tem muito deleuzeano por aí, mas quando a gente vê aqui pão de queijo a 50 centavos é porque se está fazendo economia solidária, se está fazendo esquizoanálise até no pão de queijo e isso, isso tá muito difícil de encontrar nos deleuzeanos por aí."

O Congresso foi construído coletivamente e foi capaz de produzir muita alegria, muito amor e companheirismo entre as pessoas. Como definiu bem o Kazi: política amorosa. Foi capaz de combater com muita força, em cada gesto, ao mesmo tempo que com muita alegria e carinho. 

Ficamos, meu coletivo e eu, até o fim do esquizodrama coletivo, ou seja, até meia-noite. Há muito que não sentia o peito sufocado de sensações tão fortes e alegres, de amores tão genuínos e delicados. E posso dizer: é pouco! Que venha mais! 

Vivemos entediados, num modo de subjetividade que faz tudo para sermos felizes, que coloca a meta da vida na felicidade... mas como bom artista marcial, digo: não vivemos para ser felizes, mas para sermos fortes, para combater, encontrar forças mais fortes que as nossas e tomá-las. Felicidade é essa miséria que encontramos no shopping. Mas a alegria, não! A alegria é uma força e só tem como ficar mais forte de alegria produzindo esses encontros como foi o congresso, cheio de cuidado e amor, misturado com guerrilha e combate. Combate-se não para destruir, para vencer, mas para ficarmos fortes, nos alegramos. 

Em Uberaba encontrei o punho duro, o afecto projétil da máquina de guerra. Mas também encontrei o CsO do amor mais delicado, mais corajoso, de pessoas fortes, que não têm medo de abraçar de corpo inteiro, de tronco inteiro, de frente. 

Em Uberaba não havia essa gente acadêmica, toda conformadinha, pudica e medrosa, que abraça a gente com as mãos, ou de lado. Eu cansei disso, desse jeitinho livresco e acadêmico de se apropriar de Deleuze (sem Guattari), de parecer nobre, quando se é apenas um burguês de barriga cheia, bem adaptado, bem conformado, comportadinho e envergonhado. 

Uberaba me fez alegre, porque pude me surpreender com muita gente forte, porque saí mais forte e cheio de companhia de muita gente. 

Só assim podemos ser livres: juntos e fortes!

* Fernando Hiromi Yonezawa - Psicólogo, Mestre em Educação pela UFRGS, Doutorando em Psicologia pela FFCLRP-USP, Professor do curso de Psicologia da UFTM.

Pelo Projeto: "SUS E A SAÚDE DO TRABALHADOR EM DEBATE". *


No II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama realizado nos dias 10,11 e 12 de setembro de 2010, realizamos duas apresentações em Comunicação Oral “A processualidade das experimentações: as ferramentas de Foucault, Deleuze e Guattari nas relações saúde e trabalho”, uma analisando as práticas do projeto efetivamente realizado pelo projeto de extensão da UFF, Agenciamentos Coletivos, e outra trabalhando com conceitos filosóficos utilizados como ferramentas no trabalho. O resumo expandido foi publicado em anais do congresso. Foram palestrantes a profa. Dra. Marilene Verthein e a aluna Betânea Padilha.
O evento abordou diversos temas como Principais Esquizoemas, Realidade e Realteridade, Capitalismo e Esquizofrenia, ( O Anti Édipo e Mil Platôs), As Quatro Ecologias, Subjetividade e Subjetivação, Direitos mais que Humanos, Movimentos Populares, Saúde Intergral e Mental, Economia Solidária; Ciência, Filosofia, Arte; Política, Direito e Educação; As Klínicas do Esquizodrama.
A Programação do Evento dividiu-se em quatro auditórios principais, com atividades como Mesas Redondas, Conferências, Vídeos-debate, Apresentações de Trabalhos livres, Esquizodramas e Assembléia Geral.
As apresentações de trabalho foram muitos ricas e foi muito importante para expandir o projeto, “Agenciamentos Coletivos, Sus e a Saúde do Trabalhador em Debate” na sua proposta de incrementar as oficinas, adaptando a proposta do esquizodrama para a discussão dos temas relacionados a Saúde do Trabalhador sobre o qual o projeto enfoca.
Dos temas abordados também a serem enfocados pelo projeto estão a questão da dissolução do lugar tanto do paciente quanto do analista, na medida em que o cerne da Esquizoanálise é trazer a tona a autogestão, a autonomia dos sujeitos, a dissolução das teorias centradas no “eu” na busca de trazer o coletivo à tona, dissolvendo a noção de grupo como um conjunto de indivíduos, mas sim como uma produção, emancipadora da liberdade propriamente humana. Daí uma clínica não enfocada na terapêutica, mas na ética e na política.
A proposta de se fazer uma (K)línica como desvio dessa forma padrão de relacionamento no qual o especialista retém o conhecimento, mas sim apostar no acaso do encontro. Aquilo que o corpo coletivo pode, encontra-se desconectado com nossa forma de agir, de pensar, de conectar. São possibilidades que ficam imanentes, mas não atuantes, enquanto oportunidades de vida. Assim o socius opressivo e excludente vai gerar o sofrimento e o adoecimento.
Parte-se então do desejo de pensar para o desejo de compreender e para o desejo de agir, de transformar nossos caminhos e a vida. Ao invés de se buscar a consciência de falta e limitação que extraindo o diagnóstico da impossibilidade do outro, da ferida que sangra, da consciência de vítima que inibe e paralisa; parte-se em busca do homem novo, de uma vida nova, de novos modos de intervir. Na construção dessa forma de intervenção, no qual assenta-se sobre uma filosofia da culpa e do ressentimento para acessar ao novo, perde-se a potência da criatividade, que é a capacidade de brincar, de jogar, de se alegrar e de rir, em contraposição ao modelo de homem equilibrado, que adoece e se deprime.
Através dessa nova forma de intervir, potencializadora de saúde que permite enriquecer o coletivo, na busca dessa realteridade do homem generoso, terno, suave, amoroso, cúmplice, solidário; que permite explorar sua multiplicidade e expandir sua potência de agenciar.
O projeto ganha assim novas ferramentas como a esquizoanálise e o esquizodrama, pelo convite proposto do congresso para ampliar a vida, o estar junto, a multiplicidade, a criação, o coletivo, na busca do corpo sem órgãos, na medida em que não se define pela sua forma ou função, mas sim pelos afetos intensivos que é capaz, através de seres que não sofram de indiferença, pela abertura máxima sensível, do dessemelhante, ao acolher o outro na sua profunda diferença.
Voltamos ao projeto na vontade de afirmar novas formas de existência que ampliem a forma de vida múltipla, ao invés do corpo pleno do capitalismo que afirma a descartabilidade do corpo e da vida do trabalhador. A questão é trazer como retornar ao trabalho de outra forma, que não aquela que leva ao adoecimento ao afirmar uma identidade tão marcada pelo discurso da competência, que formata os sentidos e valores que empobrecem a vida. No esquizodrama, o que se traz para a cena é o teatro cru das disparidades, na qual as intensidades são as próprias personagens. Trazer a corporeidade à cena, na questão de como criar para si um corpo sem órgãos na própria experimentação. O projeto lança-se então na busca dessas experimentações, ao mesmo tempo levando as suas próprias experimentações e trazendo também novas marcas para si.